Guerra e Paz

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Mwiriwé!

Como ultimamente temos sido alvo de muitas perguntas sobre a situação do Burundi em relação à segurança e antes que os nossos leitores sejam invadidos por informações de origem duvidosa, vimos por este meio esclarecer todas as dúvidas:

Quando chegámos ouvíamos tiros de vez em quando, mas eram tiros isolados. E era a uma distância razoável (no mínimo a uns 2, 3 km daqui).

Ultimamente foi um pouco mais complicado. Na quinta feira dia 17 Abril houve um ataque dos rebeldes a todos os postos militares nas entradas de Bujumbura. Nós temos um posto perto de Mont Sion. Estávamos os dois no quarto do Eduah a fazer um post para este magnífico blog quando começou o ataque e parecia que estavam a disparar no nosso jardim. Tivemos que nos sentar no chão e apagar as luzes do quarto durante meia hora que durou o combate.

Depois no dia seguinte o governo mandou helicópteros bombardear as bases dos rebeldes e houve alguns confrontos, mas nós fomos destacados para a operação “Coral da Sagrada Família”, em Ruyigi, durante todo o fim de semana.

Na terça-feira, dia 22, também à noite começámos a ouvir metralhadoras e morteiros, não tão perto como da outra vez ao que não nos preocupámos. Mas no dia seguinte soubemos que os morteiros tinham sido disparados das montanhas para a cidade e um deles acertou na Nunciatura (para quem não sabe é como a embaixada do Vaticano), outro na universidade e outros noutros sítios que ficam a cerca de 1km daqui de Mont Sion.

O chefe dos rebeldes já se pronunciou sobre o ataque à Nunciatura, a dizer que foi um acidente e que pede muita desculpa, nunca quis atacar aquele lugar, foi erro de pontaria!

De resto na sexta-feira, dia 25, acordámos com uma granada aqui perto que nos fez doer os tímpanos logo às 7h da manhã. Mas isso foi um acto isolado dum homem que acordou muito mal dispostinho.

A verdade é que aqui em Mont Sion, onde vivemos, nunca houve nenhum perigo, mesmo durante a guerra que acabou há 5 anos. Os rebeldes, por incrível que pareça, são muito religiosos. Em prova disso, podemos testemunhar que durante o ataque de dia 17, eles cantavam Aleluia e tocavam tambores, enquanto disparavam sobre os militares!

A razão que escrevemos este post é para transmitir a todos os nossos leitores que não nos sentimos em perigo aqui. Os ataques são direccionados exclusivamente a alvos militares e governamentais e têm como objectivo a obtenção de uma amnistia da parte do governo para a FNL, a milícia rebelde.

Mas se por acaso houver algum problema, que os nossos leitores não se aflijam, porque os Tanganika Boys já deram provas do seu espírito guerreiro e têm treinado para estarem prontos para o combate, como podem ver pela seguinte reportagem fotográfica:

Os Tanganika Boys num campo de treino em Santo Antão, Cabo Verde.

Mais uma vez, no campo de treino, desta feita em S.Vicente com o seu treinador, Coronel Eduardo Bestial.

Aqui numa missão diplomática pela Paz junto das autoridades competentes.

Aqui, logo à chegada a Bujumbura, posição ameaçadora nº 1.

Já mais ambientados, a posição ameaçadora nº 2.

E pronto, por agora é tudo, mas prometemos voltar em breve e voltar a dar a este blog, uma dinâmica constante!

Um grande abraço

Tanganika Boys