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Certo dia da nossa curta mas já intensa estada no Burundi, vimo-nos envovidos numa complexa e monumental disputa entre as duas maiores tribos desta Nação:
os agressivos “Dentes de leite, mas afiadinhos”
e os dominadores “Somos gordinhos, mas somos lixados”.
(Não pensem que isto era uma disputa entre o Frederico Botelho e o Diogo Cardoso, as fotografias que se seguem vão provar que estivemos perante duas das mais ameaçadoras raças do Mundo).
Imaginem um velho burundês a contar esta história, para criar mais ambiente:
“Tudo começou quando Hipopotamus II era o líder dos “Somos gordinhos, mas somos lixados”, reinando sobre um vasto império que ocupava todo o Norte do país, incluindo a atractiva e mui procurada zona e Rusisi, (mais tarde irão perceber porquê)...
Ora, por esta altura, no Sul do país reinava Dr. Croco III, líder inteligente e pacífico, formado em Psicossociologia Interacial.
Durante muitos anos, estas duas tribos viveram em harmonia e paz (imaginem o som de duas harpas), partilhando este oásis que era Rusisi, lugar onde muitas vezes se sentavam juntos à mesa a partilhar antílopes carnudos e a relembrar tempos passados.
Até ao dia em que Hipopotamus II padeceu fruto dessa peste que tanto ameaça o povo burundês, a diarreiite aguda, deixando o seu trono ao seu mais directo herdeiro, o filho da prima do cunhado da tia avó afastada, Gorditus Carlitus Malvadus Odeius Verdus VII. Pois, e como se pode ver pelo nome do novo detentor da coroa, este paquiderme não apreciava sobremaneira aquela côr que usualmente vestem os famosos “Dentes de leite, mas afiadinhos”. E foi aqui que começaram todas as desavenças que os vossos Tanganika Boys presenciaram.
A verdade é que desde que assumiu o poder, o imaturo rei não conseguia parar de pensar de que maneira é que se veria livre da presença daqueles betinhos que só usavam Lacoste todos os dias. O problema é que os seus companheiros “Somos gordinhos, mas somos lixados” simpatizavam com este seu inimigo e assim não podia declarar a guerra, correndo risco de ser exilado sem piedade para a Polinésia Francesa.
Assim, decidiu colocar um cartaz em Rusisi, que indicava este paraíso como território dos “Dentes de leite, mas afiadinhos”, fingindo que tinham sido estes a colocá-lo... Ora, como o Rei previra, este facto originou uma grande revolta nas hostes hipopotáis, fazendo com que um simplez cartaz provocasse uma verdadeira guerra civil, terminando assim o longo e frutuoso período de paz que existia até então. Famílias de “Dentinhos” foram afastadas de Rusisi, grandes líderes desta raça foram enclausurados, uma total tragédia e devastação, como bem podem imaginar...
A situação tornou-se de tal maneira grave, que membros das duas tribos em confronto se reuniram para decidir como resolvê-la. A decisão óbvia e simples foi a de convocar um Corpo Internacional de Paz, liderado pelos Tanganika Boys!
Detectives exímios e guerreiros corajosos, rapidamente puseram os seus talentos em acção usando a sua mais genuína diplomacia, estreitaram relações com o líder dos “que vestem de verde”. Rapidamente perceberam que o vilão de toda esta trama estava do outro lado, sob a pessoa de Gorditus Carlitus Malvadus Odeius Verdus VII, já que se recusou a recebê-los, sob o pretexto de ter dores nos seus dois únicos dentes.
Sob o mais secreto secretismo, encetámos conversações com Barrigudus Simpaticus I, primo do malvado rei, e conseguimos mostrar a todos os “Somos gordinhos, mas somos lixados”, a verdadeira natureza desta confusão e, principalmente, a casta do seu líder.
Treinámos um exército que se rebelou (aqui está a Revolta dos Hipopótamos) contra o tirano e o exilou, finalmente, para a Polinésia Francesa, onde ainda hoje habita com as suas amigas tartarugas...
Por cá, os “Somos gordinhos, mas somos lixados” e os “Dentes de leite, mas afiadinhos” voltaram aos seus tempos áureos de convivência e partilha de emoções.
Quanto a nós, depois de tanta guerra e pressão, decidimos fazer uma visita ao líder dos “Dentinhos”, Dr. Croco III, e usufruir dos seus magníficos dotes de Psicossociologia Interacial pós-stress!
Fim da reportagem”
P.S.: Esta história é baseada em factos verídicos.